A noite é muito fria,
Selvagem uiva o vento ;
Vem, Sono, e me alivia
De tanto sofrimento:
Mais eis que espeira o sol nascente
Na escarpa do oriente,
E a passarada da aurora
À terra ignora.
Vê ! Para a abóbada
Do céu pavimentado,
Repleto de tristeza
O meu canto é levado:
Umedece os olhos do dia,
Os ouvidos da noite invade,
Enlouquece a ventania
E brinca a tempestade.
Qual diabo por nuvem coberto,
Com angustia ululante,
Sigo a noite de perto
E irei com ela adiante ;
Volto as costas à aurora,
De onde o consolo aflora,
Que a luz me agara a mente
Com dor fremente.
Autor : Willian Blake
Nenhum comentário:
Postar um comentário